Para quem não sabe, parece ser este o meu caso, uma escala é a relação entre as distâncias representadas num mapa e as correspondentes distâncias reais. Ora, se pensarmos um pouco, quer num caso, quer noutro, trata-se sempre de uma relação entre representações do real e nunca do real em si.
Afinal o que é isto do real? Se formos para o campo sentimentalóide do sombrio e escuro, onde me sinto um peixe dentro de água, o que têm os sentimentos de sofrimento, dor, desilusão, angústia, desaire, tristeza, infelicidade e solidão, de real? No fundo, tanta realidade real e simultaneamente tão irreal!
Se atentarmos no campo do irreal, podemos sempre imaginar que, dentro de nós, existe um buraco negro onde, algures à nascença ficou perdido uma espécie de artesão cujo simples papel é tratar-nos da escala. Assim, consoante o seu real estado de espírito, ora nos vai dando uma folga no torniquete das emoções, ora o aperta até ao limite, na tentativa de ele próprio perceber o que significa o limite.
No fundo, este artesão é um brincalhão. Gosta de se divertir a brincar às escalas; reduz ou aumenta a realidade conforme lhe dá na telha. No fundo, é tudo uma questão de relativizar a dimensão do real. Tudo depende do que queremos representar- emoções de grande escala ou emoções de pequena escala. Todas elas, porém, podem ser reduzidas a uma folha de papel A4.
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