A rede social Facebook é um fenómeno que, ultimamente, me tem feito pensar sobre as alterações que a tecnologia provoca nos comportamentos humanos.
Antes era importante haver uma figura "real" à nossa frente, com quem conversar, dar a cara, discutir sobre diferentes pontos de vista, ideias e ideais. A necessidade de contacto físico,tão importante para o ser humano, está a ser, progressivamente, substituida pelo contacto virtual.
Afinal, o que leva tanta gente a aderir a esta rede social?
Surgem-me, de imediato, várias razões possíveis: a novidade (tudo o que é novo se torna, inicialmente,mais apelativo aos nossos olhos); falta de tempo para conviver e estar com os amigos (a eterna questão da falta de tempo?); comodismo (afinal posso ir a tantos sítios dentro das quatro paredes do meu quarto!) ;poupança (a conta da internet é certa, mas ir ao cinema e jantar fica bem mais caro)...
Ainda assim, não me parece que estas e tantas outras razões sejam motivo para este fenómeno de adesão.
Esta forma virtual de poder estar com os outros permite ter várias caras, fugir do que se teme em cada um de nós e projectar, na cara (face) que criamos, a pessoa que gostariamos de ser. Podemos ser sujeitos de duas caras ou ser caras de pau ou ser a outra face da moeda. No fundo, entrar no face é de caras. Podemos ter uma quinta, zoológico, empresas de construção, entrar na Mafia, ter amigos no mundo inteiro, mandar smiles,beijos, flores, presentes raros e todo um mostruário de desejos falhados que aqui se concretizam.
Pergunto-me se a febre do Face não será uma forma moderna de confessionário onde desejamos ser redimidos das nossas frustrações. Aqui tem-se a ideia de que tudo é possível, sem haver penas para os nosso pecados e limites para as nossas aspirações.
Será que é assim tão urgente esquecer o real?
Será assim tão grande a nossa solidão?
1 comentário:
Concordo contigo: o facebook pode simplesmente ser um livro de colecção de caras de quem se recebe abraços e mimos virtuais... cria a ilusão de uma companhia (lda :), "inventa" pessoas,até porque quem vê caras não vê corações.
A reflexão sobre este fenómeno e outros do género é, sem dúvida, importante e necessária, mas quando não se tem duas caras,a rede pode realmente ter o condão de aproximar pessoas. E ainda bem!
Enviar um comentário