quinta-feira, 27 de maio de 2010
Paranoia
Pintura: Egon Schiele, Self Portrait
Há pessoas que são piores que vermes. Mentes perversas que, não conseguindo lidar com a realidade, inventam universos paralelos, com personagens articuladas à sua medida e consoante as necessidades. Quando a realidade não encaixa na ficção abre-se o espaço perfeito para a paranoia, mania da perseguição, desconfiança da própria sombra e espionagem. Pior, começa-se a denegrir, a desconstruir o outro apenas com o objectivo de o aproximar do monstro em que agora se tornou, exactamente por não seguir a via idealizada.
Não sei porquê, mas acho que me encontro dentro de um livro de Kafka, onde o mais absurdo é elevado ao limite.
Haja paciência!
domingo, 23 de maio de 2010
Des(compassada)
As mãos são trémulas, o olhar vagueia num mundo que se torna cada vez mais inacessível. As palavras desfocadas teimam exaustivamente em repetir-se.
Quem olha não quer ver, nem ouvir, nem sentir, nem pensar.
Às vezes, quando a dor se torna tão aguda como o espetar de agulhas em feridas lacinantes, tende-se a perder os sentidos. O mesmo acontece quando temos que aceitar, de forma impotente, o passar do tempo naqueles que amamos.
sábado, 22 de maio de 2010
Tesouro incalculável
domingo, 16 de maio de 2010
O que queres para ti?
-Fale-me do seu desejo!
Fiquei sem pinga de sangue. Afinal, o que me estava a perguntar? Do que iria agora falar? Não tinha tema. O desejo não tem um tema específico e não é algo que possa ser facilmente materializado em palavras. Voltei a pensar no que iria dizer.
-Desejo... como? Desejamos sempre muitas coisas!?
- Mas o desejo pertence a cada um e, como tal, deve ter uma ideia do que deseja.
- Bem, é verdade. Mas a que área do desejo se refere? Agora que penso nisso, até parece haver uma geografia do desejo.
-Geografia do desejo? Explique lá melhor.
-Bem, não sei. Acho que me perdi um pouco nas palavras. ehhhh....bom, no fundo, eu desejo, como toda a gente, ser feliz. Como vê, não é nada original o meu desejo.
-E o que é isso de ser feliz?
-Isso também é difícil de explicar. Mas penso que a felicidade não existe.
-E ainda assim é isso que procura, o que não existe.
-Talvez. Não é isso o que procuramos todos, o que não existe?
sábado, 8 de maio de 2010
sexta-feira, 7 de maio de 2010
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Estado de (des)graça
O valor da verdade
Há uma coisa mais dolorosa do que nunca poder ouvir a verdade- é nunca poder exprimi-la, mesmo com a melhor vontade do mundo. Porque o que quer que digamos, o outro não escuta nunca a verdade que lhe queremos transmitir. Aquilo que sai dos nossos lábios e o que se passa na alma do outro, são sempre duas coisas diferentes. No instante seguinte deixa de ser semelhante - isso depende de tantas coisas que nada tinham a ver com a tua verdade e a tua vontade de verdade - isso depende do que o outro queria ouvir, da situação em relação a ti, etc... (...)
Arthur Schnitzel, Relações e Solidão
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