terça-feira, 2 de dezembro de 2008
Paisagem de chuva
Bernado Soares
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Não sei o quê desgosta
A minha alma doente.
Uma dor suposta
Dói-me realmente.
Como um barco absorto
Em se naufragar
À vista do porto
E num calmo mar,
Por meu ser me afundo,
Pra longe da vista
Durmo o incerto mundo.
Fernando Pessoa
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
terça-feira, 7 de outubro de 2008
O que há em mim é sobretudo cansaço

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo, íssimo.
Cansaço...
Álvaro de Campos
segunda-feira, 21 de julho de 2008
domingo, 20 de julho de 2008
Mente sã em casa doentia!
Poderia ser uma história kafkiana a que se tem construido em minha casa. Cada vez que me aproximo e abro a porta, deparo-me com complicadíssimos labirintos que a minha lógica rasteira não consegue resolver. Entro numa divisão e vejo objectos estranhos que parecem ganhar vida e mover-se de dia para dia. Quando julgo ter acabado de resolver um enigma já outro se me apresenta. Isto não tem fim! A minha casa metamorfoseou-se e quer arrastar-me, juntamente, na confusão.Hoje vinguei-me. Fechei a porta e fui domir a sesta. Que bem que me soube esta pequena vingança!
terça-feira, 15 de julho de 2008
Uma questão de imagem
Costumo dizer que as pessoas têm uma ideia errada de mim. Quando penso nisso questiono-me se não serei eu própria que ajudo a construir essa imagem desfocada daquilo que eu penso ser. Vamos por partes; há quem julgue que me tenho em grande conta, com manias de super-mulher, megalómana, que se julga com uma capacidade extrema de trabalho, capaz de fazer um pouco de tudo, rápida, pragmática mas que,no fundo, não é esse o meu verdadeiro eu. Há quem pense que o meu lado mais genuíno reside nas minhas fragilidades ou na minha maior fragilidade que é, no fundo, o jeito inato para me vitimizar, para dizer que a vida foi madrasta comigo, que é tudo difícil e tirado a ferros e sei lá mais que lamentos. De facto, até acho que me vitimizo, que sou amarga e que tenho uma vida demasiado pesada, pelo menos, em relação às expectativas que construí referentes à minha vida. O que eu não sei é a origem dessa vitimização que é, de facto, um traço recorrente em mim.
O que é certo é que por debaixo da máscara de fortaleza, existe um ser humano frágil, com cicatrizes, carente, com uma grande necessidade de ser aceite e amado pelo outro. Será que tudo o que faço é para agradar o outro? E o que faço eu para me agradar?Amor e uma cabana!
Vivemos numa sociedade cada vez mais consumista e consumidora de sonhos. Entram-nos pelos olhos imagens de vidas perfeitas, passadas em casas de sonho, com relvados verdejantes, piscinas, cadeirões e recantos que fariam a delícia do nosso ego.Exteriormente podemos sempre mobilar-nos com o que está mais "in" e próximo do que nos seduz e seduz o outro. E interiormente, o que pode o dinheiro fazer por nós? Construir a nossa identidade?
sexta-feira, 11 de julho de 2008
"Laivos de análise selvagem"
quinta-feira, 3 de julho de 2008
Sobre o olhar!
Porque o meu blog é, acima de tudo, feito de imagens, partilho aqui algumas em que o meu olhar se tem demorado e deliciado.
domingo, 29 de junho de 2008
quinta-feira, 26 de junho de 2008
Untitled

quarta-feira, 25 de junho de 2008
sexta-feira, 20 de junho de 2008
A Mabel pensa?
Hoje começei a ler um livro novo:"O livro do Riso e do Esquecimento", de M. Kundera. Logo no prefácio deparo-me com uma frase que me toca singularmente. Pois bem:domingo, 15 de junho de 2008
Barreiras!
sábado, 31 de maio de 2008
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
Verborreias!
Há alturas na vida em que tudo desafina e se desconhece.Neste palco , onde todos somos actores, há um ponto que nos vai ditando as falas quando a memória se nos dilui. Que tragédia!
Temos um corpo mas a memória não é nossa. Parecemos marionetas sem vida, à procura de sangue que se injecte nas veias e nos faça reerguer.
Tudo o que digo parece desprovido de sentido.
Talvez.
Às vezes, a vida também não parece fazer qualquer sentido. Faz tudo parte do nosso percurso. Até o absurdo!
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Instantes

As crianças têm um condão de fruir plenamente a realidade, sem a questionar e problematizar.
O outro dia , quando fui buscar o meu filho à escola, senti-me, por uns momentos, entrar neste mundo descomplicado quando, o seu grupo de amigos me conduziu até junto de uma descoberta maravilhosa que tinham feito na hora do recreio. Tratava-se de uma minhoca que se arrastava pela terra e que tentava encontrar, a todo o custo, um buraco para se enfiar. Entre risos e olhos curiosos, houve uma amiga do meu filho que me abraçou, pois todos estavamos de gatas a ver a minhoca, e me deu beijinhos apertados. Disse-me: "cheiras bem" e de seguida deu-me um grande abraço e mais beijinhos. Os outros, todos à minha volta, agarraram-se a mim para que eu brincasse com eles. Foi um momento de pura felicidade. Saí do colégio com um grande sorriso no rosto e pensei que há momentos únicos na vida que guardamos para sempre no livro das nossas memórias.
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
O meu pompom!
O outro dia, quando brincava com o meu filho, decidimos fazer um pompom. Enquanto entrelaçava os fios numa rodela de papel, pensei como me sentia interiormente desamparada. Ao entrelaçar o fio veio-me à memória que as coisas boas da vida precisam de tempo e de imensas voltas até se atingir um resultado final.Acabei o pompom e o gosto azedo da minha condição subiu-me à boca. Parece que cá dentro construí um espaço de aridez, de desconforto, de terra ceifada que recusa novas sementes.
Hoje, passado alguns meses, o meu pompom interior começou a desabrochar. Começo a pensar que a vida não tem de ser um desalento, um desencanto e que ainda há espaço para deixar crescer dentro de mim um campo de papoulas viçosas.
domingo, 13 de janeiro de 2008
O ideal!








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