quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Máscaras


Sozinha, quando me olho ao espelho, solto a armadura de ferro que me ergue o rosto. Não tenho ninguém a quem me mostrar a não ser a mim mesma. O reflexo nem sempre é agradável ao olhar. Sem a máscara da mulher de ferro, eficiente, elástica, polivalente, ficam apenas os traços da fragilidade, do cansaço, da aridez da pele envelhecida pelos anos e pelas lutas inglórias travadas contra mim mesma. Conheço mais a máscara do que o que está debaixo dela. Afinal não vivemos nós no mundo das aparências?

2 comentários:

Unknown disse...

Depus a máscara e vi-me ao espelho.
Era a criança de há quatro anos.
Não tinha mudado nada...
É essa a vantagem de saber tirar a máscara.
É-se sempre a criança,
O passdo que foi
A criança.
Depus a máscara, e tornei a pô-la.
Assim é melhor,
Assim sem a máscara.

E volto à personalidade como a um términus de linha.

Álvaro de campos


No fundo, todos somos actores natos, fazemos a nossa própria novela, temos vícios emocionais, e para isso temos máscaras, para esconder alguns deles, para acentuar outros tantos...
Talvez, hoje uses aquela que te tranquiliza sem no entanto te apaziguar ...

Filipe Pereirinha disse...

A questão não tanto é usar "a máscara da mulher de ferro", mas antes: por que motivo a usas, por que precisas dela, qual a sua função...na tua vida?
Mais uma pergunta que vai ficar sem resposta...envolta no nevoeiro da poesia, um véu (de palavras)como tantos outros...em torno desse ponto de "real" de que nada queremos saber.
F.P.