domingo, 30 de setembro de 2007
Elogio ao negro!
Todos nós temos dias negros. É certo que nem todos associam o seu mal-estar à cor negra mas, no meu caso, parece ser algo que tendo a repetir.
Olho para a minha vida e logo me vem à cabeça o negro, o sombrio, o escuro, o tenebroso. Na minha caverna interior não permito que outras cores, ou raios de luz, quebrem com esta ausência de qualidade cromática.
É tramado este luto constante, esta cruz - negra- que carrego na alma, este fado - de xaile negro - com que choro as minhas dores.
Sinto que, na bruma da noite escura, atravesso um rio tenebroso. As águas, profundas e escuras, chamam pela minha vida. Urge chegar ao outo lado -à margem- e achar que valeu a pena a travessia.
sexta-feira, 28 de setembro de 2007
Silêncios!
terça-feira, 25 de setembro de 2007
Insónia
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
Conjugações de memórias!
A pintura é uma arte extraordinária. Consegue condensar, através do jogo de formas, luz e cor, a caverna das emoções humanas. Há, de facto, uma parte recôndita em nós que não é "dizível",ou seja, que não encontra expressão na fala ou nas palavras.
Quando olhei este quadro senti que se adequava, neste momento, à descrição da minha alma: novelos cuja ponta se perdeu; paredes intransponíveis de engrenagens desconexas; pontos de rufúgio; ferrinhos de tonalidades desafinadas; números e letras para os quais esqueci a conjugação gramatical; olhares silênciosos; dor fictícia do real; brechas existenciais; medo de sentir e de ser.
São estes os ecos deconexos que me abarcam no momento e que brotam do meu interior; mesmo não tendo muito sentido, são uma conquista na própria ausência de sentido.
Quando olhei este quadro senti que se adequava, neste momento, à descrição da minha alma: novelos cuja ponta se perdeu; paredes intransponíveis de engrenagens desconexas; pontos de rufúgio; ferrinhos de tonalidades desafinadas; números e letras para os quais esqueci a conjugação gramatical; olhares silênciosos; dor fictícia do real; brechas existenciais; medo de sentir e de ser.
São estes os ecos deconexos que me abarcam no momento e que brotam do meu interior; mesmo não tendo muito sentido, são uma conquista na própria ausência de sentido.
terça-feira, 18 de setembro de 2007
Viagens!
Hoje de manhã, a caminho da escola, olhei para os campos cheios de flores envelhecidas. Senti uma melancolia medonha. Há dois meses estavam viçosas, cheias de energia e dignas de serem olhadas. Hoje apercebo-me que o meu olhar também é outro; mais melancólico e triste, mais murcho, mais de acordo com a paisagem exterior. Também eu floresci numa primavera ímpar e também eu me encontro agora envelhecida.
segunda-feira, 17 de setembro de 2007
Ponto final, parágrafo!
Hoje dei por mim a pensar em questões de pontuação. Parece que a maioria das pessoas, onde eu própria me incluo, tem dificuldades em saber o lugar da vírgula, ponto e vígula, travessão, dois pontos,etc. É interessante pensar que o ponto final e o parágrafo são a excepção à regra. Ora vejamos, quando se coloca um ponto final é porque a oração, ou seja o que for, acabou. Ainda assim, nem sempre se faz um parágrafo pois, parecendo que não, há sempre qualquer pensamento anexo que se pode acrescentar ao anterior, no fundo, prestar-lhe esclarecimento.
Quando uso o prágrafo, como é este o caso, é porque já não quero anexar mais nada ao que já foi dito.
Agora há que tecer ideias e jogos de palavras novos que me possibilitem usar e abusar da palavra e da pontuação.
Quando não souber como a usar, posso sempre fazer parágrafo.
sábado, 15 de setembro de 2007
Marionetas
Todos nós, em alguma altura da vida, somos marionetas.
Há aqueles que não se importam, porque nem sempre é mau sermos comandados, colocarem-nos os pés em campos de papoilas, fazerem-nos representar papéis fantásticos e heróicos, pondo na nossa boca dizeres extraordinários e ricos em forma e conteúdo.
À noite, porém, quando a cortina é corrida e se instala a inércia nos fios que antes nos fizeram mexer , sentem-se apenas os ecos, as sombras de uma fantasia colocada numa caixa de papel pardo amarelecido pelo tempo. Não há lugar para desejos próprios, para parar e sentir o bater do coração. Há apenas ausência de vida.
Há aqueles que não se importam, porque nem sempre é mau sermos comandados, colocarem-nos os pés em campos de papoilas, fazerem-nos representar papéis fantásticos e heróicos, pondo na nossa boca dizeres extraordinários e ricos em forma e conteúdo.
À noite, porém, quando a cortina é corrida e se instala a inércia nos fios que antes nos fizeram mexer , sentem-se apenas os ecos, as sombras de uma fantasia colocada numa caixa de papel pardo amarelecido pelo tempo. Não há lugar para desejos próprios, para parar e sentir o bater do coração. Há apenas ausência de vida.
Quando nos deixamos cegamente conduzir, o que resta de nós é muito pouco. Por vezes, romper com os fios que nos puxam e conduzem é doloroso e rasga-nos o tecido da alma. Tudo, no entanto, é preferível a esta ausência de vida.
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
O plano
Há secções no meu departamento interior que funcionam mal, muito mal; diria mesmo que estão a preto e branco. Parece que não consigo operacionalizar as competências que, com esta idade, já deveria ter adquirido.
O que fazer perante esta evidência?
A única saída que me ocorre é criar um plano de recuperação. Como implementá-lo ainda não sei, mas, se calhar, o uso da cor é uma boa estratégia. Caso não resulte terei de avançar para o plano de acompanhamento, embora aí a coisa se complique. Quem me vai acompanhar?
quinta-feira, 13 de setembro de 2007
Tempos
segunda-feira, 10 de setembro de 2007
Um pouco de céu!
Foto: minha
Só hoje senti que o rumo a seguir levava para longe
Só hoje senti que o rumo a seguir levava para longe
Senti que este chão já não tinha espaço pra tudo o que foge
Não sei o motivo pra ir só sei que não posso ficar
Não sei o que vem a seguir mas quero procurar
E hoje deixei de tentar erguer os planos de sempre
Aqueles que são para outro amanhã que há-de ser diferente
Não quero levar o que dei talvez nem sequer o que é meu
É que hoje parece bastar um pouco de céu, um pouco de céu
Só hoje esperei já sem desespero que a noite caísse
Nenhuma palavra foi hoje diferente do que já se disse
E há qualquer coisa a nascer bem dentro no fundo de mim
E há uma força a vencer qualquer outro fim
Não quero levar o que dei talvez nem sequer o que é meu
É que hoje parece bastar um pouco de céu, um pouco de céu
Mafalda Veiga
Não sei o que vem a seguir mas quero procurar
E hoje deixei de tentar erguer os planos de sempre
Aqueles que são para outro amanhã que há-de ser diferente
Não quero levar o que dei talvez nem sequer o que é meu
É que hoje parece bastar um pouco de céu, um pouco de céu
Só hoje esperei já sem desespero que a noite caísse
Nenhuma palavra foi hoje diferente do que já se disse
E há qualquer coisa a nascer bem dentro no fundo de mim
E há uma força a vencer qualquer outro fim
Não quero levar o que dei talvez nem sequer o que é meu
É que hoje parece bastar um pouco de céu, um pouco de céu
Mafalda Veiga
quinta-feira, 6 de setembro de 2007
Silêncio Condensado
Tudo à minha volta parece transfigurado. Pensando melhor, eu própria deixei de me reconhecer e tornei-me uma estrangeira. Perdi a capacidade de comunicar, de falar, de ouvir, de sentir, de estar, de ser. Tudo me é doloroso principalmente o facto de existir. Sinto um silêncio medonho que avança aos poucos e poucos dentro de mim e me toma a minha alegria e força de viver. Estou amarelecida, sinto a alma desbotada e o coração vazio. Sou tomada pelo silêncio, cada vez mais condensado, mais desejado, como se fosse a única forma de carpir a dor que me corrói.
quarta-feira, 5 de setembro de 2007
Untitled
segunda-feira, 3 de setembro de 2007
Amarras
Algures, num tempo já rasgado, infantil e risonho, estive sentada à beira do céu. Olhava-me, irreconhecível, e gostava do vento, do sol e das papoilas que cobriam os campos perfumados e me fundiam com o cheiro da terra e da vida.
Hoje estou sentada no meu vazio.
Da vida espero apenas uma boleia, não sei para onde, mas o destino deixou de ser importante.
Sentidos!
domingo, 2 de setembro de 2007
A meio caminho de nenhures!
A new life!
Uma nova vida acarreta uma dose única de felicidade mas também de incerteza e de medo. Proponho-me, nesta etapa tardia da minha vida, iniciar um novo caminho. Não sei onde me conduzirá - a vida é sempre feita de surpresas!- mas o importante já está engrenado: iniciei a viagem.
Feitas as malas, entrei no veículo do meu tempo e do meu destino. Ao arrancar, apercebo-me que há amarras demasiado dolorosas que preciso de quebrar. Com a energia e o deslumbramento da novidade, avanço a passos largos, se calhar, demasiado largos!
Travo batalhas, luto com um medo gigante, revolto-me como um animal ferido de morte e, cá dentro, sinto apenas o rasgar dos dias que me ferem sem piedade. Estou só, finalmente só, pronta para partir em busca de mim mesma, sabendo, sem ingenuidade, que as agruras serão mais que as alegrias. Ainda assim, parto nesta viagem com o objectivo máximo de ser fiél a mim mesma.
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