sábado, 15 de setembro de 2007

Marionetas

Todos nós, em alguma altura da vida, somos marionetas.
Há aqueles que não se importam, porque nem sempre é mau sermos comandados, colocarem-nos os pés em campos de papoilas, fazerem-nos representar papéis fantásticos e heróicos, pondo na nossa boca dizeres extraordinários e ricos em forma e conteúdo.
À noite, porém, quando a cortina é corrida e se instala a inércia nos fios que antes nos fizeram mexer , sentem-se apenas os ecos, as sombras de uma fantasia colocada numa caixa de papel pardo amarelecido pelo tempo. Não há lugar para desejos próprios, para parar e sentir o bater do coração. Há apenas ausência de vida.
Quando nos deixamos cegamente conduzir, o que resta de nós é muito pouco. Por vezes, romper com os fios que nos puxam e conduzem é doloroso e rasga-nos o tecido da alma. Tudo, no entanto, é preferível a esta ausência de vida.

Sem comentários: