
Neste desespero encontro cinzas, pedaços de vida caduca, destroços.
Já não sei o que sou nem quem sou.
Estou perdida, em carne viva.
A morte nem sempre é o mais difícil.
A angústia da vida é, neste momento, bem mais dolorosa.
Porque eu sou uma vida com furibunda melancolia, com furibunda concepção. Com alguma ironia furibunda. Sou uma devastação inteligente. Com malmequeres fabulosos. Ouro por cima. A madrugada ou a noite triste tocadas em trompete. Sou alguma coisa audível, sensível. Um movimento. Herberto Helder, Poemacto II
1 comentário:
Observando a foto reparo na quase ausência de cor. Serão as cinzas?, os destroços? Depois vejo com mais atenção. Há uma folha. É colorida, mas de cor seca, está prestes a caír. Será a vida caduca? Contudo não há desnorte nesta imagem. A planta está, certamente, segura nas suas raízes e, muito em breve, nascerão outras folhas que serão brilhantes, renovadas, da cor da esperança. Libertarão oxigénio que purificará o ar e trará, para a sua roda, a vida com tudo o que ela tem de belo e gratificante. A angústia é bem mais dolorosa que a morte... mas tem remédio.
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