Ralph Meatyard |
domingo, 1 de dezembro de 2013
O concerto do corpo
domingo, 16 de junho de 2013
Asar
terça-feira, 11 de junho de 2013
Desassossego
Gerhard Richter- Strich |
Antes tudo era noite e silêncio, palavras engolidas, olhares melancólicos de sentimentos idos. A história fora contada, o livro acabado e arrumado nos corredores do tempo amarelecido.
Aprender a viver suspensa no meu avesso, naquele pedaço de conforto que não magoa, que me pertence e do qual sou feita, confortou-me a alma e o corpo.
Aprendi que a vida é feita de poeira, de folhas que se libertam e se baloiçam até ao chão, não pretendendo mais do que completar a sua trajectória.
Não sei porque volto ao desassossego, ao tempo de espera, à dependência da voz do outro, do seu querer e do seu desejo. Não sei porque espero tornar tangível esta minha ânsia de amor. Afinal ela apenas existe cá dentro.
Mabel Carrola, 2013
quarta-feira, 3 de abril de 2013
domingo, 17 de março de 2013
Construções interiores
sexta-feira, 15 de março de 2013
A escrita na pele
domingo, 10 de março de 2013
Pedras soltas
Monsato (Castelo Branco) Foto: Mabel |
Sou uma coleccionadora de pedras soltas, que guardo sem porquê. Depois, um dia, por mero acaso, encontro o sítio certo para com elas algo construir. Desta vez, as pedras, que não são mais do que minerais de várias tonalidades e texturas abriram-me as portas ao olhar.
quinta-feira, 24 de maio de 2012
Sentimentos perecíveis
terça-feira, 13 de março de 2012
Palavras avessas
Encontras-lhe alguma curva?
E aresta?
E no avesso da palavra?
Vês alguma sombra aguda?
Não!
Então deixa-a descansar.
O caminho é longo e em linha recta.
Não queiras saber se as palavras têm avessos.
Construir palavras curvas, obtusas e giras, com espaços de luz, clareiras matizadas conduz-me à agudeza do significado das palavras
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
(L)evita-me...
Leva-me.
Deixa ficar o chumbo dos dias
o peso das memórias
a matéria dos sonhos.
Quero ser vento
sopro etéreo
sem contorno
volátil.
Leva-me para dias sem horas
onde o sopro se entorne
e as emoções gravitem.
Ouve.
quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Aventar
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
segunda-feira, 10 de outubro de 2011
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
domingo, 7 de novembro de 2010
Sussurros
Cai a chuva sem porquê
Cai a chuva sem porquê.
Sinto sem porquê, mas sinto.
Estou presa, dentro de mim, ao eterno (des)equilibrio do sem porquê.
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Branco
um hiato de vazio
sábado, 12 de junho de 2010
Entardecer
segunda-feira, 7 de junho de 2010
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Olha...
quarta-feira, 2 de junho de 2010
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Paranoia
domingo, 23 de maio de 2010
Des(compassada)
sábado, 22 de maio de 2010
Tesouro incalculável
domingo, 16 de maio de 2010
O que queres para ti?
sábado, 8 de maio de 2010
sexta-feira, 7 de maio de 2010
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Estado de (des)graça
O valor da verdade
Há uma coisa mais dolorosa do que nunca poder ouvir a verdade- é nunca poder exprimi-la, mesmo com a melhor vontade do mundo. Porque o que quer que digamos, o outro não escuta nunca a verdade que lhe queremos transmitir. Aquilo que sai dos nossos lábios e o que se passa na alma do outro, são sempre duas coisas diferentes. No instante seguinte deixa de ser semelhante - isso depende de tantas coisas que nada tinham a ver com a tua verdade e a tua vontade de verdade - isso depende do que o outro queria ouvir, da situação em relação a ti, etc... (...)
Arthur Schnitzel, Relações e Solidão
domingo, 25 de abril de 2010
Opacidade/Luz
Fala que eu oiço
sábado, 24 de abril de 2010
A propósito de presenças reais
sexta-feira, 23 de abril de 2010
quinta-feira, 22 de abril de 2010
O Homem que lapidava diamantes
quarta-feira, 31 de março de 2010
terça-feira, 30 de março de 2010
A cor da inocência
O Laço Branco (das weisse Band) é um filme desconcertante, que mexe em alicerces ingenuamente sagrados da nossa existência e nos expõe, cruamente, as máscaras da esfera pública e privada. Diria, recorrendo a uma frase de Hitchcock que neste filme “o que não se vê pode ser tão ou mais assustador do que o que se vê.”
Olha bem...
sábado, 20 de março de 2010
Sobre os que ficam
Eu sou, tu és, ele é, nós somos, vós sois, eles são.
Aprendi que todos são sujeitos com diferentes conjugações e que todos fazem parte de um todo a que se chama ser.
quinta-feira, 18 de março de 2010
quarta-feira, 17 de março de 2010
H a t a m q o
terça-feira, 16 de março de 2010
POST
Scriptum
sábado, 13 de março de 2010
Trajectórias
sexta-feira, 12 de março de 2010
Fala também tu
Fala também tu,
fala em último lugar,
diz a tua sentença.
Fala -
Mas não separes o Não do Sim.
Dá à tua sentença igualmente o sentido:
dá-lhe a sombra.
Dá-lhe sombra bastante,
dá-lhe tanta
quanta exista à tua volta repartida entre
a meia-noite e o meio-dia e a meia-noite.
Olha em redor:
como tudo revive à tua volta! -
Pela morte! Revive!
Fala verdade quem diz sombra.
Mas agora reduz o lugar onde te encontras:
Para onde agora, oh despido de sombra, para onde?
Sobe. Tacteia no ar.
Tornas-te cada vez mais delgado, irreconhecível, subtil!
Mais subtil: um fio,
por onde a estrela quer descer:
para em baixo nadar, em baixo,
onde pode ver-se a cintilar: na ondulação
das palavras errantes.
Paul Celan, sete rosas mais tarde
quinta-feira, 11 de março de 2010
Sensibilidades
terça-feira, 9 de março de 2010
segunda-feira, 8 de março de 2010
Escuta
Escuta
ouve a minha voz
o grito
o medo
o silêncio
porque teimas em falar?
porque não ouves?
porque te espantas?
Escuta
tudo é silêncio
domingo, 7 de março de 2010
Reconheço, logo existo?
Há doenças piores que as doenças,
Há dores que não doem, nem na alma
Mas que são dolorosas mais que as outras.
Há angústias sonhadas mais reais
Que as que a vida nos traz, há sensações
Sentidas só com imaginá-las
Que são mais nossas do que a própria vida.
Há tanta cousa que, sem existir,
Existe, existe demoradamente,
E demoradamente é nossa e nós...
Por sobre o verde turvo do amplo rio
Os circunflexos brancos das gaivotas...
Por sobre a alma o adejar inútil
Do que não foi, nem pôde ser, e é tudo.
Dá-me mais vinho, porque a vida é nada.
Fernando Pessoa
quarta-feira, 3 de março de 2010
terça-feira, 2 de março de 2010
A palavra viva
sábado, 27 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
Memória de elefante
Os sótãos são locais de memórias. Guardamos toda a tralha que, por razões afectivas,logísticas e inconscientes, não conseguimos largar. O mesmo acontece com as pessoas.
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Dá-me a tua mão
Dá-me a Tua Mão
Dá-me a tua mão: Vou agora contar-te como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois factos existe um facto, entre dois grãos de areia, por mais juntos que estejam, existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir - nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.
Clarice Lispector
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Se eu pudesse...
Salvador Dali, Horseman Death
Hoje as palavras estão manchadas.
Tal como as nódoas que teimam em não sair, em deixar marca, em alterar o tecido, também as palavras revelam a mesma capacidade. Marcam-nos, alteram-nos o tecido físico e emocional, deixam-nos uma marca definitiva.
Há dias em que gostaria de não existir na palavra.
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
A propósito das línguas
O que me parece importante é fazer algo com a língua, como, por exemplo, desprendê-la, desenferrujá-la, pô-la em forma, exercitá-la para que dela se tire o devido proveito.
Actualmente fala-se muito mal. Mal-diz-se. Não se conhece a própria língua; às vezes até nos parece estrangeira. Deve ser por isso que aprender línguas é cada vez mais difícil. Ouvem-se os professores, queixosos e deprimidos, dizer que os seus alunos sabem cada vez menos e têm cada vez menos competência na língua. Afinal onde pára a língua? Em que altura do seu crescimento é que os nossos alunos deixaram de usar a língua e passaram a (ab) usá-la? E os professores, seremos nós capazes de (re) usar a língua?