domingo, 7 de novembro de 2010
Sussurros
Cai a chuva sem porquê
Cai a chuva sem porquê.
Sinto sem porquê, mas sinto.
Estou presa, dentro de mim, ao eterno (des)equilibrio do sem porquê.
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Branco
um hiato de vazio
sábado, 12 de junho de 2010
Entardecer
segunda-feira, 7 de junho de 2010
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Olha...
quarta-feira, 2 de junho de 2010
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Paranoia
domingo, 23 de maio de 2010
Des(compassada)
sábado, 22 de maio de 2010
Tesouro incalculável
domingo, 16 de maio de 2010
O que queres para ti?
sábado, 8 de maio de 2010
sexta-feira, 7 de maio de 2010
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Estado de (des)graça
O valor da verdade
Há uma coisa mais dolorosa do que nunca poder ouvir a verdade- é nunca poder exprimi-la, mesmo com a melhor vontade do mundo. Porque o que quer que digamos, o outro não escuta nunca a verdade que lhe queremos transmitir. Aquilo que sai dos nossos lábios e o que se passa na alma do outro, são sempre duas coisas diferentes. No instante seguinte deixa de ser semelhante - isso depende de tantas coisas que nada tinham a ver com a tua verdade e a tua vontade de verdade - isso depende do que o outro queria ouvir, da situação em relação a ti, etc... (...)
Arthur Schnitzel, Relações e Solidão
domingo, 25 de abril de 2010
Opacidade/Luz
Fala que eu oiço
sábado, 24 de abril de 2010
A propósito de presenças reais
sexta-feira, 23 de abril de 2010
quinta-feira, 22 de abril de 2010
O Homem que lapidava diamantes
quarta-feira, 31 de março de 2010
terça-feira, 30 de março de 2010
A cor da inocência
O Laço Branco (das weisse Band) é um filme desconcertante, que mexe em alicerces ingenuamente sagrados da nossa existência e nos expõe, cruamente, as máscaras da esfera pública e privada. Diria, recorrendo a uma frase de Hitchcock que neste filme “o que não se vê pode ser tão ou mais assustador do que o que se vê.”
Olha bem...
sábado, 20 de março de 2010
Sobre os que ficam
Eu sou, tu és, ele é, nós somos, vós sois, eles são.
Aprendi que todos são sujeitos com diferentes conjugações e que todos fazem parte de um todo a que se chama ser.
quinta-feira, 18 de março de 2010
quarta-feira, 17 de março de 2010
H a t a m q o
terça-feira, 16 de março de 2010
POST
Scriptum
sábado, 13 de março de 2010
Trajectórias
sexta-feira, 12 de março de 2010
Fala também tu
Fala também tu,
fala em último lugar,
diz a tua sentença.
Fala -
Mas não separes o Não do Sim.
Dá à tua sentença igualmente o sentido:
dá-lhe a sombra.
Dá-lhe sombra bastante,
dá-lhe tanta
quanta exista à tua volta repartida entre
a meia-noite e o meio-dia e a meia-noite.
Olha em redor:
como tudo revive à tua volta! -
Pela morte! Revive!
Fala verdade quem diz sombra.
Mas agora reduz o lugar onde te encontras:
Para onde agora, oh despido de sombra, para onde?
Sobe. Tacteia no ar.
Tornas-te cada vez mais delgado, irreconhecível, subtil!
Mais subtil: um fio,
por onde a estrela quer descer:
para em baixo nadar, em baixo,
onde pode ver-se a cintilar: na ondulação
das palavras errantes.
Paul Celan, sete rosas mais tarde
quinta-feira, 11 de março de 2010
Sensibilidades
terça-feira, 9 de março de 2010
segunda-feira, 8 de março de 2010
Escuta
Escuta
ouve a minha voz
o grito
o medo
o silêncio
porque teimas em falar?
porque não ouves?
porque te espantas?
Escuta
tudo é silêncio
domingo, 7 de março de 2010
Reconheço, logo existo?
Há doenças piores que as doenças,
Há dores que não doem, nem na alma
Mas que são dolorosas mais que as outras.
Há angústias sonhadas mais reais
Que as que a vida nos traz, há sensações
Sentidas só com imaginá-las
Que são mais nossas do que a própria vida.
Há tanta cousa que, sem existir,
Existe, existe demoradamente,
E demoradamente é nossa e nós...
Por sobre o verde turvo do amplo rio
Os circunflexos brancos das gaivotas...
Por sobre a alma o adejar inútil
Do que não foi, nem pôde ser, e é tudo.
Dá-me mais vinho, porque a vida é nada.
Fernando Pessoa
quarta-feira, 3 de março de 2010
terça-feira, 2 de março de 2010
A palavra viva
sábado, 27 de fevereiro de 2010
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
Memória de elefante
Os sótãos são locais de memórias. Guardamos toda a tralha que, por razões afectivas,logísticas e inconscientes, não conseguimos largar. O mesmo acontece com as pessoas.
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
Dá-me a tua mão
Dá-me a Tua Mão
Dá-me a tua mão: Vou agora contar-te como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois factos existe um facto, entre dois grãos de areia, por mais juntos que estejam, existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir - nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.
Clarice Lispector
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Se eu pudesse...
Salvador Dali, Horseman Death
Hoje as palavras estão manchadas.
Tal como as nódoas que teimam em não sair, em deixar marca, em alterar o tecido, também as palavras revelam a mesma capacidade. Marcam-nos, alteram-nos o tecido físico e emocional, deixam-nos uma marca definitiva.
Há dias em que gostaria de não existir na palavra.
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
A propósito das línguas
O que me parece importante é fazer algo com a língua, como, por exemplo, desprendê-la, desenferrujá-la, pô-la em forma, exercitá-la para que dela se tire o devido proveito.
Actualmente fala-se muito mal. Mal-diz-se. Não se conhece a própria língua; às vezes até nos parece estrangeira. Deve ser por isso que aprender línguas é cada vez mais difícil. Ouvem-se os professores, queixosos e deprimidos, dizer que os seus alunos sabem cada vez menos e têm cada vez menos competência na língua. Afinal onde pára a língua? Em que altura do seu crescimento é que os nossos alunos deixaram de usar a língua e passaram a (ab) usá-la? E os professores, seremos nós capazes de (re) usar a língua?
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
Matéria
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010
De nada servem o calor da luz e a frescura da noite
Jan Van Goyen, Windmill
Pranto de Ménon por Diotima
Todos os dias saio em busca de algo diferente,
Demandei-o há muito por todos os atalhos destes campos;
Além nos cumes frescos visito as sombras,
E as fontes; o espírito erra no cimo para a planície,
Implorando sossego; tal como o animal ferido se refugia nas florestas,
Onde antes repousava pelo meio-dia à sua sombra, fora de perigo;
Mas o seu verde abrigo já lhe não dá novas forças,
O espinho cravado fá-lo gemer e tira-lhe o sono,
De nada servem o calor da luz nem a frescura da noite,
E em vão mergulha as feridas nas ondas da torrente.
E tal como é inútil à terra oferecer-lhe o agradável
Erva curitiva e nenhum zéfiro consegue estancar o sangue que fermenta,
O mesmo me acontece, caríssimos! Assim parece, e não haverá ninguém
Que possa aliviar-me da tristeza do meu sonho?
(...)
Hölderlin, Elegias
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
O fim da paralesia!
"Treinamos procedimentos , mas é impossível treinar a resposta a emoções.
A neurociência tem vindo a mostrar que também nas nossas cabeças, com raras excepções, não há preto e branco, mas antes, cinzento.
Às vezes precisamos de racionalizar as nossas opções e analisar, cuidadosamente, as possibilidades. Outras vezes, necessitamos de dar ouvidos às nossas emoções. O segredo reside em saber quando usar os diferentes estilos de pensamento. Precisamos de pensar, continuamente, sobre a forma como pensamos.
Quantas mais decisões as pessoas tiverem tomado anteriormente, maior será a sua capacidade de decidir.
Em situações de grande tensão, o cérebro escolhe o caminho mais fácil, poupa energia seguindo o princípio físico da energia mínima, e opta pela rotina.
As reacções emocionais só são mais acertadas quando se trata de situações sobre as quais temos um enorme conhecimento, uma grande experiência ou, ainda, em acasões de perigo. Mas dizer, em geral, que as decisões emocionais são mais acertadas é um disparate. Tudo depende da experiência, do tempo que temos para tomar a decisão."
Chega de paralesia na minha vida.
http://www.youtube.com/watch?v=jytXXLFwjmY
domingo, 14 de fevereiro de 2010
Dias de cor feliz!
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Caminhos de risco
Depois de um dia excessivamente longo que culminou com uma formação sobre comportamentos de risco, dei por mim a pensar como gostaria de riscar do mapa o dia de ontem.
Como ultimamente me apetece riscar muitos dias da minha vida, posso até estar perante um comportamento de risco. Espero que o meu lápis não se parta!
Não sei o que está a acontecer à classe docente. Por vezes, tenho a real sensação de que, com a idade, caminhamos para a estupidificação. Disponibilizamo-nos a tudo (em nome de quem?para quê?) até mesmo a alinhar em estratégias que, em vez de nos formarem nos deformam ainda mais a inteligência. Ontem estive a atirar um novelo de fio aos colegas (não o fio de Ariadne!) no intuíto de os conhecer melhor. Desenhou-se um labirinto de fios, uma rede (tão na moda!), em que todos (aranhas cegas!) lhe segurámos numa ponta e, em pura comunhão ,pudemos sentir as vibrações uns dos outros. Um verdadeiro momento de risco levado à letra!
Parece-me que, para muitos de nós, onde evidentemente me incluo, já não há uma linha nítida entre "caminhos principais e caminhos secundários". A fronteira é de tal forma pálida e esfumada que nos tornamos cada vez mais indefinidos.
Ontem aprendi que, na minha profissão, pensar é um comportamento de risco.
sábado, 16 de janeiro de 2010
Indecibilidades
Escher
Sobre o teorema da incompletude...
Teorema 1: "Qualquer teoria axiomática recursivamente enumerável e capaz de expressar algumas verdades básicas de aritmética não pode ser, ao mesmo tempo, completa e consistente. Ou seja, sempre há em uma teoria consistente proposições verdadeiras que nao podem ser demonstradas nem negadas."
Teorema 2: "Uma teoria, recursivamente enumerável e capaz de expressar verdades básicas da aritmética e algumas verdades de probabilidade formal, pode provar sua própria consistência se, e somente se, for inconsistente.".
De caras !
A rede social Facebook é um fenómeno que, ultimamente, me tem feito pensar sobre as alterações que a tecnologia provoca nos comportamentos humanos.
Antes era importante haver uma figura "real" à nossa frente, com quem conversar, dar a cara, discutir sobre diferentes pontos de vista, ideias e ideais. A necessidade de contacto físico,tão importante para o ser humano, está a ser, progressivamente, substituida pelo contacto virtual.
Afinal, o que leva tanta gente a aderir a esta rede social?
Surgem-me, de imediato, várias razões possíveis: a novidade (tudo o que é novo se torna, inicialmente,mais apelativo aos nossos olhos); falta de tempo para conviver e estar com os amigos (a eterna questão da falta de tempo?); comodismo (afinal posso ir a tantos sítios dentro das quatro paredes do meu quarto!) ;poupança (a conta da internet é certa, mas ir ao cinema e jantar fica bem mais caro)...
Ainda assim, não me parece que estas e tantas outras razões sejam motivo para este fenómeno de adesão.
Esta forma virtual de poder estar com os outros permite ter várias caras, fugir do que se teme em cada um de nós e projectar, na cara (face) que criamos, a pessoa que gostariamos de ser. Podemos ser sujeitos de duas caras ou ser caras de pau ou ser a outra face da moeda. No fundo, entrar no face é de caras. Podemos ter uma quinta, zoológico, empresas de construção, entrar na Mafia, ter amigos no mundo inteiro, mandar smiles,beijos, flores, presentes raros e todo um mostruário de desejos falhados que aqui se concretizam.
Pergunto-me se a febre do Face não será uma forma moderna de confessionário onde desejamos ser redimidos das nossas frustrações. Aqui tem-se a ideia de que tudo é possível, sem haver penas para os nosso pecados e limites para as nossas aspirações.
Será que é assim tão urgente esquecer o real?
Será assim tão grande a nossa solidão?
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Sobre o olhar...
Tenho descoberto, nesta minha inclusão pelos meandros da pintura a óleo, coisas extraordinárias, nomeadamente sobre a importância do olhar.
A propósito deste quadro de Lucien Freud, dizia-me um colega que visto ao vivo, as cores são de tal forma intensas que, se nos aproximarmos, conseguimos somente ver pinceladas de cor pura e intensa. No fundo, a pintura a óleo, nomeadamente de Freud é muito retineana. Necessitamos de nos afastar, de entrar no jogos de sombra -luz, cor - ausência de cor para ver a totalidade.
Não será também assim com a própria vida?
Cada vez tomo mais consciência que, estando demasiado próximo de um problema nos tornamos miopes, desfocamos a totalidade e o nosso olhar converge apenas para o imediato.
Saber olhar e ver aprende-se ao longo da vida.